Resenha: A Garota no Trem - Paula Hawkins

Título: A Garota no Trem
Título Original: The Girl on the Train
Autor (a): Paula Hawkins
Editora: Record
Páginas: 378
Edição: 2015
Pontuação:  ♥ ♥ ♥ ♥ 


Sinopse: Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d’água, pontes e aconchegantes casas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Jason –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos.


Em primeira pessoa, a narrativa se alterna de acordo com o ponto de vista das três principais personagens femininas da trama: Rachel (protagonista com maior enfoque no livro), Megan e Anna. Apesar de, em um primeiro instante, as três parecerem não ter conexão alguma entre suas vidas, logo nas primeiras páginas é possível identificar o que as entrelaça, da mesma forma em que podemos conhecer um pouco mais de seus sentimentos e pensamentos, bem como suas personalidades.


Rachel, às vezes perdida sobre sua própria vida, cria uma ficção sobre a vida de dois desconhecidos que ela observa através do trem. Ao descobrir que a mulher (a qual ela chamava de Jess e que na realidade se chama Megan) está desaparecida, ela resolve se envolver na investigação, tanto por acreditar que tem informações importantes para ajudar a desvendar o caso, uma vez que a viu, pelo trem, em uma cena bastante suspeita, quanto por ser motivada por um desejo interior que nem ela própria consegue compreender. A partir desse ponto, e quando já temos um mínimo de informações sobre as personagens, a história se desenvolve e é nítido o caminho pelo qual a autora tenta conduzir o leitor através das páginas.

“Sou capaz de imaginar o toque das mãos dele, o peso delas, tranquilizadoras, protetoras. Às vezes, me pego tentando me lembrar da última vez que tive contato físico de verdade com alguém, um abraço, um aperto de mão que seja, e sinto uma dor no coração. ” 

E isso, aliás, consistiu em um dos pontos altos do livro, em minha opinião. Fiquei extremamente admirado com a força da escrita de Paula Hawkings, com sua capacidade de trazer a intensidade das emoções de suas personagens e de como isso consegue impactar o leitor. Rachel e Megan, principalmente, são mulheres enfrentando conflitos internos e situações bastante delicadas, de forma que somos arrebatados para dentro de suas mentes.

“De vazio, eu entendo. Começo a achar que não há nada a se fazer para preenchê-lo. Foi o que percebi com as sessões de terapia: os buracos na sua vida são permanentes. É preciso crescer ao redor deles, como raízes de árvore ao redor do concreto; você se molda a partir das lacunas. ”

Eu posso dizer que consegui visualizar alguns contornos desse desfecho que foi chocante, por mostrar o quanto as pessoas podem nos enganar e nos manipular através dos nossos sentimentos. Mas, não posso deixar de sentir que o livro poderia ter entregado muito mais, tanto durante a sua construção, quanto no seu encerramento. Além disso, fica claro que este é um thriller psicológico bem construído, até porque nos mostra o quão a vida de um casal muitas vezes é composta apenas de aparências. Entretanto, ele também tem uma ligação muito peculiar com o drama, que por vezes soa excessivo e cansativo. Mesmo que isso explique muito do papel da Rachel nessa história toda, senti que outros pontos poderiam ter sido focados.

Em suma, é um livro que trata de ilusões sendo destruídas, de verdades ocultas, bem como do quanto as pessoas a nossa volta exercem poder sobre nós. É o tipo de história que deve ser lida sem expectativas prévias para que assim possa se surpreender com o que ocorre.


Agora só nos resta aguardar para que a adaptação cinematográfica esteja à altura da obra original.



2 comentários :

  1. oi tudo bem?

    eu comecei a ler, mas achei cansativo e parei, nos primeiros capítulos.
    achei muita enrolação. quem sabe futuramente dou uma chance. mas agora só confiro as resenhas dele mesmo, que por sinal a sua está maravilhosa, adorei a abordagem beijos

    Taynara Mello | Indicar livros
    www.indicarlivros.com

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  2. Logo que o livro saiu eu fiquei com muita vontade de ler mas depois isso foi diminuindo e diminuindo. Imagino que o livro seja um thriller muito bom porém, vou assistir o filme primeiro.
    Bjs

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