Resenha: Pecadora - Nana Pauvolih
Marcadores:
#EuleioNacional,
Editora Planeta de Livros,
Hot,
Livros nacionais,
Resenha,
Romances
Título: PecadoraAutor (a): Nana Pauvolih
Edição: 2017
Nº de páginas: 383
Editora: Essência
Sinopse: Todos nós éramos pecadores.
Somente uma coisa diferenciava um pecador: as escolhas.

Era pecado, era perdição, mas também era mais do que eu já tinha sonhado em ter. – Entre a rígida criação religiosa e o desejo que sempre a consumiu, Isabel precisa se encontrar.
Casada há quatro anos com Isaque, seu namorado de adolescência, a jovem sabe que a relação está longe de ser satisfatória. Mas é só quando Isaque fica amigo de Enrico, um publicitário solteiro e bem-sucedido, que a situação começa a ficar insustentável. Agnóstico, sem amarras e cheio de mulheres, Enrico é tudo o que Isabel acredita rejeitar, mas ela não consegue deixar de se sentir interessada pelas histórias que o marido conta dele. Para piorar, ela consegue um emprego na agência dele, e agora terá de passar os dias ao lado do homem que traz à tona seus sentimentos mais proibidos.
Neste novo romance, Nana Pauvolih, uma das maiores autoras de romances eróticos do país, mostra que o certo nem sempre precisa ser aquilo que é imposto, e sim aquilo em que se acredita.
Um livro que compara a realidade de jovens que psicologicamente são afetadas por dogmas estabelecidos na família e por suas religiões. Uma abordagem tão cuidadosa para um tema difícil, como é falar de religião, amor, dogmas, preceitos e doutrinas. Então, vamos à história de Isabel e Enrico, um casal que tem muito para nos contar.
Isabel é uma jovem com uma irmã bastante revoltada, que tenta mostrar a ela o quanto seus pais são presos a preconceitos e dogmas que ferem a individualidade de cada um, porque, o que torna o ser pecador por natureza não são apenas pensamentos ditos impuros, mas muitas atitudes praticadas no dia a dia, que impedem que as pessoas sejam livres em suas ações.
"[...] – Muitos me perguntam o que é pecado: pôr em prática seus pensamentos impuros e simplesmente pensá-los? E eu vos respondo agora. Em Mateus, Jesus lembra [...], se o olho direito o escandalizar, deve arrancá-lo e atirá-lo longe. [...]
Meu Pai [...], não era de sorrir muito, como se estivesse sempre preocupado."
Isabel, após vários problemas ocorridos em sua residência entre sua irmã e seus pais, foi vigiada, presa em um mundo irreal criado por eles, onde tudo era pecado, sendo, inclusive, obrigada a casar-se ainda nova com Isaque, um rapaz da mesma igreja e que crescera com os mesmos ensinamentos.
O casal vivia de forma a obedecer todos os preceitos impostos pela igreja do pai de Isabel. Mas, após perder o emprego, ela começa a pensar em coisas que o casamento não a oferecia, começando a ver vídeos na internet e a pensar coisas que poderia acontecer em seu casamento.
Por outro lado, seu marido conheceu alguns caras que o chamaram para um futebol toda semana. E isso tornou o relacionamento mais frágil, porque novas ideias apareceram e influenciaram o dia a dia do casal.
"[...] Isaque chegou. Estava limpo e arrumado, trazendo numa sacola a chuteira e a roupa suada. Sorriu ao me ver à mesa. [...]
- Isabel, vou me deitar. [...] – Você vem agora?
- Daqui a pouco.
[...] Sentei-me no sofá,... Enquanto me perdia em pensamentos tolos, senti algo vibrar na mesinha ao lado. Era o celular de Isaque. ... Percebi um aviso de uma conversa... Entrei no aplicativo, e a primeira frase me chocou.
Queria um boquete daqueles..."
Os questionamentos intensificaram. E um amigo em específico de Isaque começa a sobressair nas conversas do casal.
Enrico, um home livre, dono do seu próprio negócio, solto e de todas as mulheres. O futebol não é apenas um local para descontrair após o trabalho, mas também para cultuar sua fama de conquistador: é “o cara”, e, após o futebol, tem sempre o chopinho, que é de lei, e lá no bar é que as coisas acontecem: as mulheres aparecem e seus amigos podem enxergar suas conquistas e o crescimento de sua fama.
"O Bar estava bem cheio naquela noite. [...] Mas, naquele dia, eu estava impaciente. [...] Talvez tudo se devesse à proximidade do meu aniversário de trinta anos. [...] Enquanto o procurava, achei outra coisa que me chamou a atenção. [...] uma mulher parada, destoava completamente do ambiente. [...] Usava roupas fechadas ... tão grande que ficava difícil acreditar que uma mulher tão linda pudesse se esconder daquele jeito."
O encontro foi abrupto. Isabel, uma esposa a procura de seu marido num bar devido a um acontecimento sério na família, e Enrico, um cara que, apesar de estar se sentido estranho por todo o dia, queria como toda semana, se divertir e sair acompanhado.
O casal precisava que os dois trabalhassem para sua sobrevivência e, foi então, que Isaque conseguiu uma vaga de recepcionista para sua esposa na agência de Enrico.
A partir desse fato, tudo se transforma e todos os questionamentos religiosos impostos por sua família começam a ser provados, principalmente por Isabel, que modifica seu comportamento dia a dia.
Uma nova abordagem começa. Através da curiosidade latente em Isabel, Enrico torna-se seu alvo de novas descobertas, motivada pela vida cheia de sensualidade que ele lhe inspira. Surge a Pecadora e o Santinho, personagens virtuais que conseguem expressar seus sentimentos através de mensagens pela Internet.
"[...] – Filosofando, Pecadora?
- Estou aprendendo com você, Santinho.
- Voltamos ao diminuitivo?
- Gosto de variar.[...]"
Um relacionamento envolve muitas temáticas para dar certo. Quando a gente é jovem acha tudo fácil e natural. Com o passar dos anos, o peso da consciência recai sobre nossos ombros e tornam nossas decisões mais difíceis, inclusive na tentativa de voltar à felicidade ou de conquistar a mesma, tudo é mais complicado e, por vezes, sem retorno, porque o tempo já passou e nos acomodamos com as facilidades da vida.
Entretanto, quando estamos saturados não temos mais escolhas, a não ser mudar radicalmente tudo e a nos mesmos. E isso mexe com quem está ligado a nós e a consequência é desconforto, a intolerância e brigas.
Nana Pauvolih, em sua abordagem para Isabel, me tomou de forma surpreendente, porque mostrou que uma menina frágil e temerosa também pode demonstrar uma força incrível quando decide o que deve seguir, embora isso seja algo difícil justamente pelas incertezas do futuro e, por vezes, trazerem um caminho sem retorno.
A narrativa é cuidadosa no tratamento da religião sem ferir preceitos, sem falar da forma como demonstra que a personagem pode sim continuar evangélica e ser feliz, fazendo o leitor refletir sobre tantos dogmas e valores morais propagados e defendidos pela sociedade. Às vezes, é importante se tornar céticos sobre determinados efatos, principalmente quando estamos falando sobre algo que nos faz sentirmos bem consigo mesmo.
O que dizer de Enrico? Estou apaixonada pela mente maravilhosa dele. É fascinante ver o envolvimento e o carinho dele com Isabel. Um cuidado em tratar de sua amada, mantendo o respeito e a dignidade dela, sem ferir seus sentimentos ou mesmo suas crenças.
Gostaria de ressaltar um trecho que me emocionou. Já li alguns livros de Jean Paul Sartre e amei a citação colocada.
"O homem tem total responsabilidade sobre suas escolhas. Sua essência é aquilo que ele fizer de si mesmo. Não há um Deus criador que concebeu e influencia o homem.[...]"
Impressionante, que mesmo sendo agnóstico, Enrico, procura respeitar Isabel, mostrando a ela que pode sim ter escolhas e ser livre em pensamento, sem ferir a pessoa que é na essência.
Recomendo a leitura com mente aberta para ver que o amor não precisa ser preso, pois o que duas pessoas vivem no ambiente familiar sadio e respeitoso, não interfere nos seus preceitos religiosos, e vice-versa.
1. Amazon
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)