Resenha: Eu estive aqui – Gayle Forman

ISBN: 9788580414233
Editora Arqueiro
Autora: Gayle Forman
240 Páginas
Jovem adulto maduro
Pontuação: ♥ ♥ ♥ ♥

Sinopse: Quando sua melhor amiga, Meg, toma um frasco de veneno sozinha num quarto de motel, Cody fica chocada e arrasada. Ela e Meg compartilhavam tudo... Como podia não ter previsto aquilo, como não percebera nenhum sinal? A pedido dos pais de Meg, Cody viaja a Tacoma, onde a amiga fazia faculdade, para reunir seus pertences. Lá, acaba descobrindo muitas coisas que Meg não havia lhe contado. Conhece seus colegas de quarto, o tipo de pessoa com quem Cody nunca teria esbarrado em sua cidadezinha no fim do mundo. E conhece Ben McCallister, o guitarrista zombeteiro que se envolveu com Meg e tem os próprios segredos. Porém, sua maior descoberta ocorre quando recebe dos pais de Meg o notebook da melhor amiga. Vasculhando o computador, Cody dá de cara com um arquivo criptografado, impossível de abrir. Até que um colega nerd consegue desbloqueá-lo... e de repente tudo o que ela pensou que sabia sobre a morte de Meg é posto em dúvida. Eu estive aqui é Gayle Forman em sua melhor forma, uma história tensa, comovente e redentora que mostra que é possível seguir em frente mesmo diante de uma perda indescritível.

Desde pequenas as amigas Meg e Cody são conhecidas como unha e carne. Para Cody, que vive em um lar escasso de demonstrações de afeto, Meg passou a ser a única família capaz de amá-la e apoiá-la. Além disso, Cody tem certeza de que a amizade delas é forte o suficiente para aguentar qualquer dificuldade – isso até Meg cometer suicídio. Cody não tem dúvida de que Meg, um raio de sol que espalhava calor onde quer que fosse, nunca seria capaz de se matar. E mais, como melhores amigas, Cody sabia que Meg falaria com ela caso algo estivesse errado. Afinal, melhores amigas não possuem segredos, não é mesmo? Mas o fato é que Meg não contou para a amiga sobre a solidão, o medo, a dor mal compreendida, e a vontade enlouquecedora de controlar o fim da própria vida. Assim, confusa e magoada, Cody embarca em uma aventura repleta de dor, segredos, aprendizagens e superação. Ela sairá em busca de respostas que justifiquem a morte da amiga, mas, surpreendentemente, acabará aprendendo mais sobre si mesma e o futuro que tem pela frente.


“Supostamente, eu era a melhor amiga dela, e não sabia nada disso, porque ela não me contou. Ela não me contou que achava a vida um sofrimento insuportável. Eu não fazia a menor ideia.”

Meg e Cody tinham o plano perfeito: depois da formatura do ensino médio elas iam juntas para a faculdade. A ideia era fugir da cidade pequena em que nasceram e construir uma vida nova. Contudo, para Cody os planos não viraram realidade. Filha de mãe soleira, a jovem não teve dinheiro suficiente para bancar a faculdade. E sem nenhum apoio ou incentivo por parte da mãe, Cody preferiu ficar na cidade e trabalhar como faxineira. Sendo assim, as amigas trilharam caminhos completamente diferentes: uma realizando seus sonhos e outra mergulhando em uma vida miserável e sem esperança. Depois da separação elas ainda tentaram se encontrar, mas Cody estava chateada demais – com a mãe, com a vida, e com o futuro triste e vazio que via pela frente – para ser capaz de aproveitar os encontros; o que reduziu a amizade delas a algumas raras e superficiais trocas de e-mails. Por isso a morte de Meg é ainda mais chocante: porque Cody se culpa por não estar presente quando a amiga precisou dela, porque Meg era uma garota alegre e amável, e porque ela tinha tudo o que sempre quis bem ao alcance de suas mãos. Abalada pela morte da melhor amiga, Cody divide seu tempo entre o trabalho, a desmotivação, e uma investigação para conhecer a Meg que escolheu morrer.

Por mais que a história fale sobre o suicídio de Meg e os motivos que impulsionaram sua decisão, o verdadeiro enfoque da obra está na confusão que domina Cody. E eu amei isso! Ela é o tipo de personagem que está a um passo da indiferença e isso mexe com o leitor. Jovem, bonita e inteligente, Cody tem todo um futuro pela frente, mas ao invés disso ela está estagnada na vida de um adulto desmotivado, como se não existisse nenhuma esperança de um futuro melhor. E a questão é: quantos jovens terminam a escola e sofrem esse mesmo tipo de desânimo? O drama da protagonista é tão real que fica fácil para o leitor aceitar sua narrativa triste e ríspida. Logo de cara senti que ela era diferente de todas as protagonistas literárias que vemos por aí, que ela não tem intenção nenhuma de agradar os outros e que prefere ser indiferente do que ter que admitir que sua melhor amiga morreu e que sua vida é uma merda. Eu amei como a Gayle Forman trabalha com alguns dos típicos dilemas de um jovem adulto: faculdade, primeiro emprego, relações familiares e por aí vai... Além disso, amei como a protagonista amadurece, como ela descobre que quer sim ter um futuro melhor, que quer amar, que quer ter amigos e que, talvez, também queira ir para a faculdade.

“Mas minha vontade é gritar para as pessoas pararem de me perguntar isso. Porque não sei o que Meg me contou e eu ignorei, e o que ela não me contou. Se tem uma coisa que sei é que ela não me contou que estava sofrendo tanto que a única maneira de acabar com a dor era encomendar uma dose de veneno industrial e mandá-lo goela abaixo.”

Esse livro é baseado em uma história real o que me deixou ainda mais interessado pela leitura, confesso que nunca tinha lido um livro da Gayle antes nem mesmo o Se eu ficar que ganhou até uma adaptação cinematográfica, mas posso lhe dizer com toda a certeza que com esse livro a autora ganhou mais um admirador. Entretanto, não posso dizer que o livro gerou um frenesi inexplicável de emoção.
Ainda assim, mesmo que a história não vá além e surpreenda o leitor, a narrativa é fluída, reflexiva e emocionante. A mensagem é válida e a leitura mais que recomendada!

“Queria não ter feito isso. Porque, quando o olho pela última vez, ele exibe um esgar que é uma mistura de raiva e culpa. Conheço muito bem essa expressão: eu a vejo todos os dias no espelho.”

2.Submarino
3.Estante Virtual



Autor (a) da resenha: Luan Henrique Almeida

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