Resenha: O Barão do Café - Jas Silva

Título: O Barão do Café
Autora: Jas Silva
Edição: 2019
Nº de Páginas: 770
Editora: *Publicação independente

Sinopse: O mundo pertence a Augusto Alencar Gouvêa, que hoje, aos 34 anos, comanda de forma agressiva e implacável, o império agropecuário que teve início com o seu trisavô: o primeiro Barão do Café de Ribeirão Preto.
Após impedir que o seu legado fosse destruído pelo que os homens de sua família chamaram equivocadamente de amor, Augusto jurou não deixar que a história se repetisse. Sua forma intransigente de lidar com os negócios, o tornou temido, e poucos eram os que cometiam o erro de atravessar o seu caminho.

Os que fizeram, o acusam de não possuir quaisquer escrúpulos ou decência moral. E é essa ausência de moralidade que levará o empresário à vida de Estela Saavedra. Uma jovem de coração e alma cigana, que, com sua selvageria, se verá diante de um homem que acredita que o poder que detém é o suficiente para torná-lo intocável.

Não importa o crime que cometa.

Ou por cima de quem precise passar.

Talvez, seja apenas o sangue Alencar trazendo à tona o seu lado mais obsessivo, mas quando Augusto coloca os seus olhos na garota que deveria destruir, seus planos mudam, e ele sabe que antes de obter o que deseja, terá de sentir o gosto da inocente cigana em sua boca.

O Barão do Café é livro único, que contará a história do poderoso empresário Augusto Alencar e da cigana Estela Saavedra.

Augusto nunca foi de pensar muito sobre suas ações, muito menos nas consequências delas, conquanto ele conseguisse o que queria. Não era à toa que ele pagava, e muito bem, a Sierra e Benjamin para lidarem com qualquer tipo de empecilho que ousasse entrar em seu caminho. Mas, até mesmo um homem como ele sabe reconhecer um bom oponente, e Augusto encontrou um que está sendo mais difícil do que ele imaginava, sua tia Hortência.

"Virgem, orgulhosa, selvagem...e sem a menor ideia de que o seu destino se encontrava em minhas mãos."

Acontece que a velha senhora acabou colocando no meio dessa briga a inocente Estela, uma jovem cigana, inocente, que não consegue enxergar o mal que a cerca. Muito menos que Augusto, o homem que passou a mexer com seus sentimentos desde que se viram pela primeira vez será aquele que destruirá seu coração.

Claro que no início, ao saber as estratégias da tia para não deixá-lo colocar as mãos nas terras que por direito seriam sua, Augusto fará de tudo para seduzir Estela e esta, por sua vez, se apaixonará perdidamente por ele, não ouvindo ninguém, nem mesmo a seu pai.

Acontece que, Augusto odeia o pai de Estela, Caetano, uma vez que o homem foi o responsável por fazer sua mãe abandonar ele ainda pequeno e seu pai, um homem que, devido a traição da esposa, passou a sua vida querendo se vingar do cigano e sua filha.



No entanto, em meio a esse desejo de vingança e briga por terras, uma coisa que ninguém imagina é que a paixão que surgirá nos corações dos filhos dos dois homens que brigaram pela mesma mulher. De um jeito torto, Estela e Augusto vão traçar seu próprio caminho, um em que ambos precisarão a aprender a confiar, a se perdoarem e, acima de tudo, se fortalecerem no amor que surgiu entre eles.

O livro é narrado em primeira pessoa, com capítulos intercalados entre ambos os personagens, tendo como espaço narrativo as cidades de Minas Gerais e São Paulo.

A obra em si é recheada de acontecimentos de tirar o fôlego, com muito sentimento de vingança, ódio, rancor e também aprendizado. Cheguei a lembrar muito da novela Velho Chico, logo se você gostou da novela esse livro será um prato cheio. No entanto, ao invés de um personagem bonzinho, justiceiro, teremos um anti-herói. É que Augusto é um personagem para ser amado e odiado, e ele parece querer ser visto assim. Não é para menos que ele é conhecido como o Barão do Café.

Augusto é um homem ressentido, que nunca soube o que é o amor, e que, por mais que não admita, ainda guarda dentro de si a mágoa por sua mãe Suzana o ter deixado ainda pequeno. Desde então ele foi criado em colégios internos e cresceu ouvindo seu pai dizer que a mãe os havia abandonado para viver com um cigano, um miserável que não tinha onde cair morto. E mesmo após a morte da mãe, Augusto continua a alimentar esse sentimento dentro de si, sem conseguir até mesmo enxergar o amor que Estela sente por Suz.

Estela, por sua vez, é uma menina inocente, uma jovem cigana criada longe das tradições de seu povo e cuja alma se sente livre, e por ter sido criada sem muita instrução, principalmente sobre o mundo,  não consegue enxergar os olhares maliciosos direcionados a ela, muito menos a maldade que a espreita. Ela é linda e acredita que que seu coração e corpo serão apenas de um homem, aquele com quem irá casar. Encantada por Augusto, ela se deixará envolver por seu mundo, pelas mentiras, até se dar conta de tudo que fizeram contra ela, incluindo o homem a quem a Estela entregou o seu coração. Porém, tudo isso a ajudará a amadurecer, a se conhecer, a transformar em uma mulher mais forte.

"- ... eu não sou como as terras pelas quais você e seu pai tanto brigam. Eu não posso ser tomada!
Eu teria prazer em provar o contrário a essa garota."

Eu mais uma vez fui absorvida pela história da Jas Silva e me vi presa desde a primeira página até o final. O que encanta em suas histórias é a forma com que ela cria seus personagens, principalmente os homens. Eu juro que pensei que ia odiar Augusto, mas não tem como fazê-lo quando nos colocamos no lugar dele. Ele errou e muito, mas ele passou a vida ouvindo sobre vingança, como ele deveria ser para alcançar seus objetivos, logo não tem como uma pessoa inserida nessa realidade mudar de uma hora para outra.

E é aí que a autora foi brilhante. O crescimento de Augusto é feito pouco a pouco, a cada capítulo. E ele vai aprender muito, nem que seja pela dor, que existe algo maior que o desejo de vingança, que é o amor.


"(...) se existia mesmo um coração dentro do meu peito, ele pertencia àquela garota. Era inteiro dela."

Tentarei ao máximo não falar muito na resenha sobre a obra para que vocês possam conhecer e se encantarem pela escrita da Jas, que é leve, fluida, sem deixar nenhum detalhe solto, além, é claro, de não ser uma leitura monótoma.

Espero que gostem da leitura e voltem para nos contar o que achou.

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